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Cidades

Atos lembram 3 anos de acidente com bonde em Santa Teresa

Governo do Estado apresentou o novo bonde à população e o primeiro trecho que será operado na etapa de testes

27 ago 2014 - 17h20
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<p>13 de julho - Crianças participam de protesto em que pedem a retomada do serviço de bondes em Santa Teresa, no Rio</p>
13 de julho - Crianças participam de protesto em que pedem a retomada do serviço de bondes em Santa Teresa, no Rio
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

Os moradores do bairro de Santa Teresa, na região central do Rio de Janeiro, participam, durante toda esta quarta-feira, de atos para lembrar os três anos do acidente com o bonde de Santa Teresa, em que morreram seis pessoas. Eles reclamam do atraso das obras nesse sistema de transporte e dos transtornos na região.

Na noite desta terça-feira, 26, o governo do Estado apresentou o novo bonde à população e o primeiro trecho que será operado na etapa de testes, da Rua Joaquim Murtinho até o Curvelo, com aproximadamente 1 quilômetro de extensão, em duas vias de circulação, totalizando cerca de 2 quilômetros de trilhos.

O diretor de Transportes da Associação de Amigos e Moradores de Santa Teresa, Jacques Schwarzstein, lembrou que, desde então, a população local realiza todos os anos atividades em memória das vítimas do acidente. "São atividades para que o bairro, a cidade e o País lembrem o que aconteceu aqui e lembrem também d'o último sistema histórico de transporte urbano que funcionava no País, que era o sistema de bonde de Santa Teresa'", disse Schwarzstein.

Para ele, a data serve igualmente para reafirmar a identidade de um bairro diferente, importante para a cidade e para o País, e que "está perdendo rapidamente a sua identidade e sendo de alguma forma tomado por processos que fazem muito mal".

<p>Novo bonde de Santa Teresa, no Rio de Janeiro</p>
Novo bonde de Santa Teresa, no Rio de Janeiro
Foto: Divulgação

Segundo os moradores, a obra vem causando transtornos e acarretando o fechamento do acesso principal do bairro. Os ônibus que circulam na região estão sendo desviados para ruas pequenas e atrapalhando o trânsito.

De acordo com Schwarzstein, a obra não ocorre no ritmo previsto – a  previsão inicial, de quatro meses, foi superada e dez meses depois a obra ainda não foi concluída e vem alterando as características do bairro e a vida das pessoas.

"É uma obra feita sem qualquer tipo de investimento na logística do canteiro, sem apoio, sem cuidado e sem respeito com os moradores, em uma rua de ladeira, com problemas de segurança, de mobilidade complicada." Schwarzstein disse que isso acaba gerando revolta entre os moradores. 

"Além do mais, a tecnologia que está sendo usada para troca de trilhos obriga o fechamento integral da principal rua do bairro e causa um caos no trânsito, com congestionamentos, buzinaços, acidentes, todos os tipos de problemas. É evidente que toda obra cria transtornos, mas é preciso levar em consideração o ambiente do entorno, as pessoas que vivem no bairro e não é o que acontece com essa obra", acrescentou.

O subsecretário da Casa Civil, Rodrigo Vieira, afirmou, porém, que o horário das obras, das 7h às 18h, é respeitado. Vieira ressaltou que o bairro passa por um volume muito grande de obras e que outros serviços também estão sendo reformulados. "Além dos trilhos, estão sendo trocados os sistemas de bondes e de eletrificação, de água, de gás e de drenagem. A subestação elétrica passa por reforma e estão sendo adquiridos 14 bondes para rodar na linha", destacou o subsecretário.

A interferência na rua é passageira, embora esteja presente durante a execução dos trabalhos. Vieira informou que, ao longo dos próximos 60 dias, o bonde circulará em fase de teste na Rua  Joaquim Murtinho e que a Rua Francisco Muratori será finalizada. Então, o bonde poderá circular em caráter de teste dos Arcos da Lapa até a Estação Carioca.

13 de julho - Manifestante usa máscara em forma de bonde durante protesto no Rio
13 de julho - Manifestante usa máscara em forma de bonde durante protesto no Rio
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

Segundo o subsecretário, a Rua Joaquim Murtinho já recebeu novas redes de água e gás, além de alterações no sistema de drenagem. "São muitas obras que vão devolver a Santa Teresa todo o glamour e a qualidade de vida do bairro." Os testes com o bondinho na Joaquim Murtinho começam nesta semana e vão durar de 30 a 60 dias. Ao longo desse período, serão entregues também as obras da Rua Francisco Muratori até a Rua do Riachuelo, onde será instalada nova parada de bonde. Os Arcos da Lapa estão no processo de impermeabilização, conforme determinações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), informou Vieira.

Ele acrescentou que, nesses dois meses, serão entregues para testes 3 mil metros de ruas. "Ao final dos testes, quando a segurança e a qualidade do bonde estiverem garantidas e todas as informações, confirmadas, será possível pensar no início da operação com passageiros", disse Vieira. Ele informou ainda que três bondes, atualmente na linha de montagem, também vão passar pelos testes e serão finalizados e entregues ainda neste ano.

Os atos públicos para lembrar os mortos no acidente de 2011 começaram de manhã, com uma performance nos Arcos da Lapa. Agora à tarde, os moradores de Santa Teresa vão se concentrar no Largo do Curvelo, de onde descerão em passeata até o local do acidente, onde depositarão flores e cartazes. Às 16h, hora do acidente, os sinos vão tocar no Convento de Santa Teresa e, no início da noite, haverá uma cerimônia ecumênica em memória das vítimas na Igreja Anglicana do bairro. Participarão integrantes do Comitê Contra a Intolerância Religiosa, marcando o apoio do bairro à luta contra essa forma de discriminação.

Agência Brasil Agência Brasil
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