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Arquivo Público de SP libera 1 milhão de imagens do Deops

Prontuários foram produzidos pela Delegacia de Ordem Política e Social (Deops-SP) entre 1923 e 1983

1 abr 2013 - 13h21
(atualizado às 13h35)
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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi ao evento na companhia do também tucanao José Serra
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi ao evento na companhia do também tucanao José Serra
Foto: Bruno Santos / Terra

O Arquivo Público do Estado de São Paulo liberou na manhã desta segunda-feira a consulta pública, pela internet, de mais de 274 mil fichas digitalizadas e 12,8 mil prontuários produzidos pela Delegacia de Ordem Política e Social (Deops-SP) no período compreendido entre 1923 e 1983. No total, são cerca de 1 milhão de imagens, fichas, prontuários e dossiês. Nesses 60 anos, estão compreendidos dois períodos em que houve cerceamento das liberdades no Brasil: o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar, iniciada em 1964. A pesquisa pode ser feita a partir do site do Arquivo Público.

Segundo o coordenador do órgão, Carlos Bacellar, a ampliação do acesso a qualquer cidadão é uma etapa importante para a democracia brasileira. "Já mantínhamos esse arquivo aberto para quem quisesse consultá-lo e agora fica disponível a qualquer pessoa interessada", disse ele. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que foi ao evento na companhia do também tucanao José Serra, disse que há o compromisso do Estado com a transparência de informações, principalmente no que diz respeito ao regime militar.

"Política de Direitos Humanos é política de Estado. Esse é o compromisso. São documentos importantes para a construção de uma sociedade ainda melhor", afirmou Alckmin. Exilado durante o regime militar, Serra ponderou que há muitas informações erradas nas fichas. "Numa delas diz que eu fui a um jantar com o soviético Yuri Gagarin - primeiro homem a viajar ao espaço - e que nessa ocasição eu teria chorado quando se falou da União Soviética. Eu mal tinha entrado na universidade. Eles eram muito incompetentes, até porque eu nunca fiz parte do fã-clube da ex-URSS", disse ele.

Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça, afirmou que boa parte desse arquivo foi construído para justificar a repressão. "Há muitas mentiras ali, mas é mais um passo no aperfeiçoamento da nossa jovem democracia", ressaltou. "Que os outros governadores sigam o exemplo de São Paulo. Essa é uma homenagem à luta dos familiares dos mortos na ditadura por esse acesso", completou ele. Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Nacional da Verdade, diz que o acesso irrestrito, sem qualquer tipo de obstáculo, "permite desenvolver uma análise crítica em relação a esse acervo".

Fonte: Terra
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