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Após resgate, 4 projetos sobre animais são protocolados na Alesp

31 out 2013 - 09h16
(atualizado às 09h19)
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Carla Perez, ex-dançarina do grupo É o Tchan, poucos dias depois do incidente no Instituto Royal, anunciou em seu programa de TV infantil, exibido na Bahia, que iria sortear um filhote de cachorro, o que revoltou os ativistas
Carla Perez, ex-dançarina do grupo É o Tchan, poucos dias depois do incidente no Instituto Royal, anunciou em seu programa de TV infantil, exibido na Bahia, que iria sortear um filhote de cachorro, o que revoltou os ativistas
Foto: Instagram / Reprodução

O resgate dos beagles que eram utilizados em pesquisas no Instituto Royal, em São Roque, parece ter sensibilizado o parlamento estadual paulista. Desde o dia 18 de outubro, quando ativistas salvaram os animais, pelo menos quatro projetos foram apresentados naquela casa legislativa.

Você sabia: por que os beagles são usados em pesquisas de medicamentos?

Até o dia 18 de outubro, outros nove projetos já tinham sido apresentados, sendo que cinco deles declaravam como de utilidade pública entidades que atuam em defesa dos direitos dos animais. Os novos projetos, pós Instituto Royal, querem proibir o uso de animais em pesquisas científicas que possam causar sofrimento, a proibição de animais no desenvolvimento de cosméticos e a criação da Semana de Conscientização e Proteção dos Direitos dos Animais.

Um outro projeto, que obriga as empresas a destacarem nas embalagens se utilizam animais em testes, aprovado na Assembleia e rejeitado pelo governo por alegação de inconstitucionalidade, voltou à pauta, quatro dias após a invasão do Instituto Royal. O autor da proposta, o deputado estadual Feliciano Filho (PEN), diz que a justificativa do Executivo foi “absurda”, e promete trabalhar para derrubar o veto.

“Vamos tentar derrubar o veto. Eles alegaram inconstitucionalidade, o que é um absurdo, porque a assessoria do governador parece que não leu o Código de Defesa do Consumidor, que prevê isso. É uma alegação totalmente fora de propósito”, afirma o parlamentar, que apresentou ainda projetos sobre a proibição de doação de animais como brindes ou em sorteios, que restringem o uso de seres vivos em atividades de ensino e o desenvolvimento de cosméticos com animais.

Junto a isso, já foram feitas audiências públicas que debateram o uso de animais em experiências científicas, além de uma comissão parlamentar composta por parlamentares estaduais, federais e vereadores da cidade de São Roque que investiga a atuação do Instituto Royal, que realiza as pesquisas com financiamento público.

O tema parece ter mobilizado não apenas os parlamentares, como toda a sociedade, que além de discutir o uso de animais em pesquisas científicas, tem repreendido atitudes consideradas contestáveis nas redes sociais. Carla Perez, ex-dançarina do grupo É o Tchan, poucos dias depois do incidente no Instituto Royal, anunciou em seu programa de TV infantil, exibido na Bahia, que iria sortear um filhote de cachorro, o que revoltou os ativistas, que a atacaram duramente nas redes sociais, obrigando a apresentadora a se justificar.

"Apenas para esclarecer esse assunto que estão tentando polemizar. Ganhei um cachorrinho muito fofinho. E pelo simples fato de ter vários cachorros, resolvi presentear/sortear para alguma família que sonha em ter um cachorrinho. Com sinceridade, qual é o problema ou maldade que existe nisso, gente? Desculpa se ofendi alguém com minha atitude, que julguei ser bondosa. Espero que esse assunto acabe aqui", disse Carla em sua conta no Instagram. Dias depois, todas as suas postagens sobre o assunto, inclusive a foto do cachorro, foram excluídas.

Ativistas retiram animais de instituto
Ativistas invadiram, por volta das 2h de 18 de outubro de 2013, a sede do Instituto Royal, em São Roque, no interior de São Paulo, para o resgate de cães da raça beagle que seriam usados em pesquisas científicas. Mais tarde, coelhos também foram retirados do local. Cerca de 150 pessoas participaram da invasão. Ao todo, 178 cães foram retirados do instituto. O centro de pesquisas era alvo de frequentes protestos de organizações pelos direitos dos animais.

Os beagles são usados por ter menos variações genéticas, o que torna os resultados dos testes mais exatos. Apesar de os ativistas relatarem diversas irregularidades, perícia feita no Instituto Royal não constatou indícios de maus-tratos aos animais. No dia seguinte à invasão, um novo protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes e provocou a interdição da rodovia Raposo Tavares. Quatro pessoas foram detidas.

Em nota, o Instituto Royal refutou as alegações dos manifestantes. "O instituto não maltrata e nunca maltratou animais, razão pela qual nega veementemente as infundadas e levianas acusações de maltrato a seus cães. Sobre esse ponto, o instituto lamenta que alguns de seus cães, furtados na madrugada da última sexta-feira, estejam sendo abandonados", diz a nota, acrescentando que todas as atividades desenvolvidas no local são acompanhadas por órgãos de fiscalização.

Segundo o instituto, a invasão de sua sede constituiu um "ato de grave violência, com sérios prejuízos para a sociedade brasileira, pois dificulta o desenvolvimento de pesquisa científica no ramo da saúde". A invasão ao local, de acordo com a posição do Royal, provocou a perda de pesquisas e de um patrimônio genético que levou mais de dez anos para ser reunido. O instituto também informou que os animais levados durante a invasão, quando recuperados, serão recolhidos e receberão o tratamento veterinário adequado, podendo ser colocados para adoção.

Marcelo Morales, coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) - órgão responsável pela fiscalização do setor -, afirmou que nenhum animal retirado do laboratório sofria maus-tratos ou tinha mutilações. De acordo com o médico, o instituto era acompanhado pelo Concea, ligado aos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde, nos testes para medicamentos coadjuvantes na cura do câncer, além de antibióticos e fitoterápicos da flora brasileira, feitos a partir de moléculas descobertas por brasileiros. "Milhões de reais foram jogados no lixo e anos de pesquisas para o benefício dos brasileiros e dos animais também foram perdidos", disse o pesquisador.

Fonte: Terra
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