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Cidades

Após operação da PF, Sanepar nega jogar esgoto em rios do PR

20 set 2012 - 20h54
(atualizado às 21h48)
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O diretor administrativo da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Antonio Hallage, negou nesta quinta-feira que as estações de tratamento da empresa lancem esgoto não tratado nos rios paranaenses. A Polícia Federal (PF), que acusou a empresa de poluir os afluentes, cumpriu nesta quinta 30 mandados de busca e apreensão em unidades da Sanepar localizadas em 19 cidades do Estado."Podem ocorrer vazamentos, como ocorre em qualquer empresa do mundo. Mas nós tratamos todo o esgoto que recebemos", disse Hallage, que ocupa interinamente o cargo de presidente da Sanepar, durante entrevista coletiva. "Fomos surpreendidos esta manhã com a ação policial (da PF). Estamos indignados. A Sanepar não é a responsável pela poluição dos rios do Paraná", reclamou.

Denominada Operação Iguaçu - Água Grande, a investigação tem o apoio de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O delegado Rubens Lopes da Silva, da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente da PF, afirmou que a Sanepar é a maior empresa poluidora dos rios do Estado. "Ou ela (Sanepar) não trata o esgoto que coleta, despejando-o de forma clandestina nos rios, ou então ela faz o tratamento de forma inadequada", declarou ele, que coordena a investigação.

Antonio Hallage criticou a forma como a PF divulgou a operação e chegou a insinuar um possível uso político da corporação. "Estranhamos a divulgação exagerada e o fato de a operação ter sido realizada mesmo com a greve, e às vésperas da eleição municipal". Segundo o dirigente, os documentos que a PF apreendeu são de caráter público e poderiam ter sido solicitados "até por e-mail".

Embora tenha dito que as estações de tratamento da Sanepar cumprem a legislação, o presidente interino admitiu que 12 das 227 unidades ainda não têm licença ambiental de funcionamento, o equivalente a 5,3% do total. "As que não têm licença estão com os respectivos pedidos já protocolados". Para a PF, o percentual de estações sem licença é superior a 20%.

Questionado se a Sanepar teria sido autuada em até R$ 80 milhões nos últimos dez anos, como informou a PF, Hallage respondeu que "pode ser". No entanto, não entrou em detalhes sobre quantas foram pagas ou estão em fase de recurso. Hoje, a empresa recebeu mais quatro autuações do Ibama que, juntas, preveem multa diária de R$ 200 mil até que a empresa regularize os problemas apontados nas estações.

A Sanepar diz que irá recorrer contra as multas no âmbito administrativo e ao Poder Judiciário, se for preciso. A empresa também cogita a possibilidade de processar o delegado que coordena a investigação. "A Sanepar tomará todas as providências jurídicas para restabelecer a verdade dos fatos, inclusive acionando criminalmente o autor das declarações caluniosas que atacaram a imagem da empresa", disse Hallage. "Essa investigação deveria estar ocorrendo sob segredo de Justiça".

Dois diretores da empresa prestaram depoimento hoje na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, em Curitiba. Ao todo, 30 diretores e gerentes da companhia foram indiciados pela PF. Além da Sanepar, mais 180 empresas serão investigadas por despejar poluentes nos rios paranaenses.

Agência Brasil Agência Brasil
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