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Após acordo, sem-terras deixam fazenda de Oscar Maroni

22 set 2009 - 18h39
(atualizado às 19h57)
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Chico Siqueira
Direto de Araçatuba

Depois de cinco dias de ocupação, centenas de famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixaram na tarde desta quarta-feira a fazenda Santa Cecília, do empresário Oscar Maroni Filho, dono da boate Bahamas, em São Paulo, e acusado de exploração da prostituição. A fazenda fica em Araçatuba, interior do Estado. Os sem-terra tinham prazo - dado pela Justiça em reintegração de posse concedida ontem- para deixar a área até as 17h de hoje, mas saíram uma hora antes, após fecharem um acordo com Maroni.

Fazenda de Oscar Maroni Filho que foi invadida, em Araçatuba (SP)
Fazenda de Oscar Maroni Filho que foi invadida, em Araçatuba (SP)
Foto: Divulgação

Segundo os coordenadores do MST, o acordo prevê que Maroni discuta a possibilidade de compra da fazenda Santa Cecília pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para realização de reforma agrária. A reunião está marcada para a manhã de segunda-feira na sede da superintendência do Incra, em São Paulo.

"Será uma mesa-redonda entre os acampados, Maroni e os representantes do Incra", disse o coordenador do MST, Jonas da Silva. Segundo ele, está confirmada a participação do superintendente do Incra em São Paulo, Raimundo Pires da Silva, e do chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Incra, Sinésio Sapucaí.

Silva disse que, além da presença de Maroni na reunião, a própria decisão da Justiça forçou as cerca de mil famílias de sem-terra a deixarem a fazenda. "Também saímos para cumprir a determinação da Justiça, mas esperamos que Maroni cumpra a promessa de participar dessa mesa-redonda, porque senão vamos ocupar novamente a área e não sair mais de lá", disse Silva.

Segundo ele, a ocupação, que teve início na manhã de quinta-feira, cumpriu os principais objetivos do MST, que era chamar a atenção para a revisão dos índices de produtividades de 20 fazendas da região e mostrar à opinião pública que os fazendeiros estão mascarando as propriedades para aparentes altos índices de produtividade.

"Essa fazenda de Maroni é um exemplo. Ela é ocupada por plantações e criações feitas em arrendamento. O dono da área mesmo não produz nada. É uma forma de mascarar os índices de produtividade", afirmou Silva.

Segundo Maroni, dos 1.680 hectares, 960 são ocupados com arrendamentos de plantações de cana e 480 com arrendamento para criação de gado de corte, além de outros 90 hectares com o plantio de tomate, também arrendados e criações de cavalos de raça. De acordo com Maroni, a fazenda "é altamente produtiva", pois possui 7 mil m lineares de cocho que alimentam gado suficiente para produzir de 10 mil a 12 mil kg de carne a cada 24 horas em época de confinamento.

Depois de deixar a área, os sem-terra se reuniram no acampamento Zumbi dos Palmares, a 35 km de distância do local. Com isso, eles também obedeceram a outra determinação da Justiça, que é de permanecer distante a pelo menos 10 km das terras de Maroni.

O empresário não foi localizado até as 17h50 para falar sobre o assunto com a reportagem. Na quinta-feira, o empresário disse que se reuniu com representantes do Incra para falar sobre a possibilidade de negociar a área. Depois, com o clima tenso na ocupação, disse que apenas foi ao Incra para se inteirar das formas de comercialização, mas que não tinha intenção de vender a propriedade.

Fonte: Especial para Terra
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