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AM: boto-rosa inflável em rio alerta para matança do animal

27 jul 2014 - 19h58
(atualizado às 20h48)
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<p>Tenda da campanha no balneário da Ponta Negra</p><p> </p>
Tenda da campanha no balneário da Ponta Negra
Foto: Márcio Azevedo / Especial para Terra

Um boto-rosa gigante passou o domingo chamando a atenção dos banhistas que estiveram neste domingo no balneário da Ponta Negra, na zona oeste de Manaus. Quem chegava para se banhar no local dava de cara com o bicho que, na verdade, era apenas um exemplar inflável do mamífero que tem sido alvo de matança indiscriminada dos pescadores. O boneco gigante estava ali como parte da divulgação de uma campanha contra o extermínio desses animais.

Os responsáveis pela campanha chegaram cedo a praia da Ponta Negra, montaram acampamento, inflaram o boto e o coloram nas águas cor de caramelo do rio Negro. O grupo, formado por veterinários, biólogos e outros profissionais, pertencem a Associação Amigos do Peixe Boi (Ampa), uma entidade que estuda e propõe ações ligadas a biodiversidade aquática da região amazônica. E uma das ações foi justamente levar o boto para um local de grande concentração de pessoas para chamar a atenção.

"Queremos que as pessoas assinem a petição que está em nosso site para nos ajudar a proteger a espécie", disse o médico veterinário Rodrigo Amaral, pesquidador da Ampa. Segundo ele, só a lei que proíbe a pesca da piracatinga, peixe que tem como isca a banha do boto, não vai impedir que a matança do mamífero seja sessada. Ele acredita que sejam necessárias outras ações, como a adoção de uma isca alternativa, para que mais botos não sejam mortos em detrimento da pesca da piracatinga. "No site há uma petição para pressionar o Ministério do Meio Ambiente a colocar em vigor, já, a moratória que proíbe a pesca da piracatinga. A pesca foi proibida, mas a lei só entra em vigor em janeiro de 2015. Até lá, milhares de botos serão mortos", explicou Amaral.

A moratória que o pesquidador se refere é uma lei que proíbe a pesca da piracatinga, espécie de peixe de couro, um bagre muito consumido no mercado peruano e colombiano. Esse peixe tem como principal isca a gordura do boto-vermelho, conhecido como boto-rosa, além da banha do jacaré.

Essa moratória permite apenas a pesca de 5 quilos do peixe. Quem for pego transportando ou armazenando quantidades maiores sofrera punições. Contudo, somente no ano que vem a lei entrará em vigor. "O período de seca dos rios está começando. Esse é o período da pesca da piracatinga. Se a moratória não entrar logo em vigor, milhares de botos serão mortos. Nos três últimos anos mais de 4 mil toneladas de carne de piracaringa foram apreendidas no Amazonas. Imagina quantos botos foram mortos", enfatizou o pesquisador da Ampa.

No site da entidade, estima-se que, por ano, são mortos aproximadamente 2,5 mil botos. Lá, também, é possível participa da campanha para tentar mudar a vigência da moratória de proibição da pesca da piracatinga. Pela lei, só a partir de janeiro do ano que vem ela entra em vigor, mas os pesquidadores querem que ela passe a vigorar já para essa temporada de pesca. A campanha eletrônico foi lançada essa semana no site da Ampa e já atingiu mais de 20 mil pessoas. 

<p>Homem observa o boto-rosa inflável no rio Negro</p><p> </p>
Homem observa o boto-rosa inflável no rio Negro
Foto: Márcio Azevedo / Especial para Terra

Desavisado 

Apesar do boto cor-de-rosa chamativo em plena água do rio Negro, os banhistas e até vendedores que frequentam o local ficaram sem entender o que aquele animal inflável fazia no balneário. "Eu vi as pessoas montarem a barraca e encher o bicho, mas não sei o que eles estão fazendo", disse o vendedor Pedro Gomes, 51 anos, que trabalha em uma barraca a 50 metros de onde os pesquisadores da Ampa montaram acampamento.

Sem também saber o porquê daquele boto em pleno rio Negro, estava o comerciante Marcelino Caldas, 38 anos. Ele e a família olhavam do mirante do balneário o bicho inflável boiando no rio. "Eu acho que deve ser alguma promoção", chutou ele. Quem mais chegou perto do real objetivo do peixe boi de brinquedo foi a universitária Margoh Sampaio, 29 anos. "Eu vi a placa na barraca deles escrito 'alerta vermelho' e estou deduzindo que seja uma campanha contra a matança do boto cor-de-rosa. Eu vi uma reportagem domingo passado no Fantástico sobre isso", disse Sampaio, que prometeu descer até a barraca para obter mais informações. 

Fonte: Especial para Terra
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