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Rio: presidente da Juventude PMDB lidera grupo que agrediu repórteres

22 ago 2013 - 18h35
(atualizado às 20h52)
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Jéssica Ohana, na foto com o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e com Marco Antônio Cabral, filho do governador Sérgio Cabral, a quem sucedeu na Juventude PMDB
Jéssica Ohana, na foto com o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e com Marco Antônio Cabral, filho do governador Sérgio Cabral, a quem sucedeu na Juventude PMDB
Foto: Divulgação

Em meio às pessoas que se manifestavam a favor da CPI dos Ônibus, nas galerias da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, circulava com desenvoltura uma jovem que dizia ser moradora da zona oeste e apartidária. Frequentemente, falava no telefone celular e liderava gritos de guerra que eram seguidos pelos aliados. Questionada pelos repórteres, evitou falar o nome. A líder do grupo que agrediu repórteres da GloboNews dentro da Câmara dos Vereadores era Jéssica Ohana, presidente da Juventude do PMDB no Rio de Janeiro. Jéssica faz parte do partido do governador Sérgio Cabral, do prefeito Eduardo Paes, e do contestado presidente da CPI dos Ônibus, Chiquinho Brazão.

Ao ser abordada pelo nome, depois de ter a identidade descoberta, Jéssica apertou o passo e evitou falar com os jornalistas. Se posicionou próxima a alguns de seus partidários, no saguão da entrada lateral da Câmara, que, irritados, agrediram o produtor audiovisual Guilherme Fernandes, que tentava fazer imagens do grupo. Ameaçaram de agressão ainda a equipe do Terra, que cobria a primeira reunião da CPI. Antes, nas galerias do plenário, tinham agredido e expulsado os repórteres Júlio Molica e Antônia Martinho, da GloboNews.

Durante a sessão, provocavam os manifestantes contrários à CPI, indicando que pegariam todos lá fora. Cantavam “sou suburbano, com muito orgulho, com muito amor”, e chamavam os manifestantes da galeria adversária de “playboys”. Do outro lado, os rivais os acusavam de pertencer a grupos ligados a milícias.

Parte deles acabou cumprindo a promessa de agressão quando deixou a Câmara, ferindo um dos manifestantes que protestava na porta da Casa e dando início a uma confusão generalizada. Manifestantes ligados ao grupo Black Bloc partiram em defesa dos que estavam apanhando e revidaram. O grupo pró-CPI acabou se refugiando num edifício da rua Evaristo da Veiga. Pelo menos dez pessoas foram detidas e levadas para a 5ª DP (Centro).

Jéssica Ohana assumiu a presidência da Juventude do PMDB fluminense em fevereiro deste ano. Sucedeu Marco Antônio Cabral, filho do governador Sérgio Cabral, que deverá ser candidato a deputado no ano que vem. No site do PMDB, Jéssica, 21 anos, diz que estuda gestão do turismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). É descrita como “determinada e apaixonada pela política”. Em entrevista ao site, diz que pretende manter o modelo da gestão do filho de Cabral, e que pretendia fortalecer a presença da Juventude do PMDB no movimento estudantil. Diz ser filha de políticos, mas que não tem intenção em se candidatar.

“Não é a minha pretensão, prefiro estar ao lado dos companheiros Marco Antônio Cabral e Rafael Picciani, que serão grandes líderes e quadros nacionais do nosso partido”, disse ela ao site do PMDB.

Nota de repúdio

Em nota, o PMDB-RJ garantiu que "não orientou e nem organizou qualquer participação de sua militância na primeira audiência da CPI dos Ônibus da Câmara dos Vereadores". Segundo o partido, as ações de cerceamento ao trabalho da imprensa foram individuais.

"O partido repudia atos de violência e qualquer tipo de agressão a liberdade de imprensa", informou.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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