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Oceania

Caso Laudisio: ouvidor australiano quer novas regras para taser

23 out 2012 - 11h43
(atualizado às 14h29)
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Liz Lacerda
Direto de Sydney

A utilização do taser pela polícia do Estado de New South Wales (NSW) deve ser limitada ao máximo de 15 segundos. A recomendação foi feita pelo ouvidor Bruce Barbour, quatro dias após o final do inquérito que investigou a morte do brasileiro Roberto Laudisio Curti em custódia da polícia australiana. Laudisio morreu no dia 18 de março deste ano, em Sydney, depois de receber 14 disparos de armas de choque, totalizando 1 minuto e 28 segundos.

Veja como funciona a arma taser

Barbour recomendou a alteração do manual de conduta da polícia, limitando também a utilização da arma repetidas vezes. "O uso múltiplo do taser é um fator diretamente relacionado ao risco de morte. As experiências nacional e internacional são suficientes para reconhecermos que isso precisa ser considerado quando estabelecemos as regras", destacou. Antes de disparar a arma novamente, os policiais devem dar tempo para que o acusado responda às ordens e comandos, o que não teria acontecido no caso Laudisio.

As recomendações fazem parte de um relatório de 202 páginas, divulgado nesta terça-feira pela ouvidoria do Estado. O documento condena o uso do taser em pessoas algemadas ou que estejam fugindo da polícia, situação do estudante brasileiro. Laudisio foi atingido pelas costas, enquanto escapava da perseguição policial, e continuou a receber disparos depois de algemado. Nesses casos, a arma só poderia ser utilizada em circunstâncias específicas, que ainda precisam ser esclarecidas no manual. "As regras de uso do taser não são suficientemente claras ou precisas e, em alguns casos, podem e estão sendo interpretadas de forma muito ampla", admite a ouvidoria.

Entre 46 recomendações, o ouvidor sugere que a academia de polícia deve enfatizar a importância da comunicação e da negociação no confronto com indivíduos vulneráveis, bem como implementar treinamento em saúde mental. Quando morreu, Roberto Laudisio estava em "estado de delírio", provocado pela ingestão de um terço de comprimido de LSD. Os policiais não teriam conseguido identificar as reações do brasileiro. O disparo do taser nas áreas da cabeça e do peito também deve ser evitado, segundo o documento.

Em nota, a família Laudisio declarou que "as recomendações são um passo na direção certa". Os familiares preferiram não comentar pontos específicos do relatório, mas pediram a punição individual dos policiais envolvidos nos disparos contra o estudante brasileiro. "Sem isso, normas, manuais e treinamento podem perder consideravelmente o sentido", conclui a nota. A polícia do Estado de New South Wales tem dois meses para responder as recomendações. A magistrada Mary Jerram, responsável pelo inquérito, vai apresentar suas conclusões sobre o caso no dia 14 de novembro.

Fonte: Especial para Terra
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