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Polícia

Lindemberg diz que ameaças de morte contra Eloá foram 'blefe'

15 fev 2012 - 18h51
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Marina Novaes
Vagner Magalhães
Direto de Santo André

Durante o depoimento que deu à promotora Daniela Hashimoto nesta quarta-feira, Lindemberg Alves Fernandes negou que as ameaças de morte contra Eloá Pimentel, morta aos 15 anos em 2008, tenham sido reais, e disse que tudo não passou de um "blefe".

OAB vai a júri para zelar pelo direito de defesa de Lindemberg:

Relembre o cárcere privado mais longo do Estado de São Paulo

"Pode ser que eu tenha dito, mas eu não me lembro. Muita coisa que eu disse foi um blefe", afirmou o réu, após a promotora lembrá-lo de que ele disse à Polícia Militar que iria matar a estudante e depois se matar. A declaração a que ela se referia foi feita por telefone ao negociador do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) Adriano Giovanini, e a conversa foi gravada.

Segundo Lindemberg, os blefes eram uma estratégia para manter a polícia longe do apartamento. Além disso, o réu afirmou que precisava manter "algum tipo de intimidação" sobre Eloá, pois ela era mantida em cárcere privado.

Ele, contudo, disse que não a agrediu fisicamente e, ao questionado sobre os hematomas que a vítima tinha no corpo, relatou que ela "ficava roxa" quando estava nervosa. "Eu sei que quando a Eloá ficava nervosa, apareciam umas manchas roxas nas pernas e nas mãos", disse.

Lindemberg disse ainda que nunca sentiu raiva pela amiga de Eloá, Nayara Rodrigues - mantida em cativeiro e baleada durante o crime -, rebatendo o que a estudante contou em seu depoimento na última segunda-feira. Segundo o réu, Nayara sempre o ajudou a negociar o fim do cárcere privado com a Polícia Militar, mas ele não soltou as reféns por não ter "sentido confiança" no que os negociadores diziam.

A Nayara sempre me ajudou (a negociar a saída). Mas eu não senti plena confiança na PM", afirmou. Lindemberg disse ainda que, mesmo sob o clima tenso, ele e as vítimas encaravam a situação como se fosse uma "brincadeira" em alguns momentos, e que isso o aproximou muito de Nayara."Nós ficamos muito próximos lá dentro."

Garantia da verdade

Questionado pela promotora sobre o que garantia que ele estava dizendo a verdade em plenário, pois, segundo relatos de testemunhas o réu não havia cumprido sua palavra na ocasião em que o crime ocorreu, Lindemberg voltou a afirmar que não iria mentir, em respeito à família de Eloá - que assiste ao julgamento.

"A garantira é pela perda da família. Eu convivi com eles, eu criei um laço com eles. Eu estou encarcerado porque estou pagando pelo que eu fiz", disse. O réu afirmou ainda que foi procurado por "muitos advogados" que tentaram convencê-lo de que ele poderia provar que o tiro que matou Eloá não partiu de sua arma, mas que não aceitou a oferta por querer dizer a verdade.

Lindemberg começou a ser ouvido por volta das 14h15 de hoje, mas ainda não há uma previsão para que o depoimento termine. Logo no início da fala, o acusado pediu perdão à mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

Fonte: Terra
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