Nos primeiros meses de 2013, Maria e o marido, José, obtiveram progressão de pena para o semiaberto. A felicidade com a notícia durou pouco. Logo souberam que só poderiam ficar com a filha aos domingos, quando tinham folga do trabalho, e somente com a presença de Terezinha, tutora da criança, até que os dois cumpram os 10 anos de condenação.
Eles alugaram uma casa, onde almoçavam e tentavam viver de forma discreta. Uma vez na rua, estranharam a liberdade. “Saí pela primeira vez em um domingo. Saí com ela (Rosa), mas fiquei bem estranha na rua, passei mal do estômago. Até hoje é meio estranho. Para mim é tudo estranho, muita novidade, muita coisa”, conta Maria.
Em liberdade, ela demonstrava ciúmes da relação de Terezinha com a filha, mas tanto a mãe quanto o pai de Rosa manifestavam gratidão à amiga. “Muito pouca gente faria isso que ela fez por nós”, reconhecia José.
Na nossa visita, enquanto Rosa brincava pela casa, Maria fez questão de preparar um bife de chuleta, arroz e salada. Quando contrariada por uma das mães, corre para a outra, assim como qualquer criança faz com o pai e a mãe.
Mas essa demonstração de carinho de Rosa com Terezinha parece incomodar Maria, que começa a crítica a forma como a filha tem sido criada. “A Tetê não dá limite para Rosinha. Ela deixa fazer o que quer, e eu não, por isso ela faz manha. Quando eu digo não é não. Acho que tem que ser assim”, critica Maria.
José não sucumbiu tanto aos terrores do cárcere quanto sua mulher, apesar de ter perdido um pulmão para a tuberculose. Foi bem tratado pelos companheiros de cárcere, recebendo até o convite para atuar como um dos líderes da galeria onde ficou. Enquanto esteve preso, abriu um pequeno negócio dentro da cadeia para a venda de lanches, que ajudou com as despesas da criança.
Naquele momento, a família se agarrava ao pouco tempo que tinha junta, e já vislumbrava um futuro melhor. Só que a caminhada se mostraria ainda mais desafiadora.