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Câmara vota pedido de impeachment de Dilma

17 abr 2016 - 18h26
(atualizado às 18h51)
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A Câmara dos Deputados iniciou no fim da tarde deste domingo a votação no plenário sobre o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, com a balança das expectativas pendendo para vitória dos favoráveis ao impedimento da petista.

A previsão é de que a votação, que será nominal com cada voto sendo declarado pelos deputados, dure em torno de quatro horas.

O primeiro voto, do deputado Washington Reis (PMDB-RJ), foi favorável ao impeachment. Às 18h15, o placar estava com 46 votos pelo impedimento, 12 contrários e uma abstenção.

Para o pedido de impeachment ser aprovado pela Câmara, é preciso 342 votos favoráveis ao impedimento, ou dois terços dos 513 deputados.

Se aprovado pela Câmara, o pedido de abertura de processo de impeachment irá ao Senado, que poderá rejeitar e arquivar o caso ou autorizar a instalação do processo, cenário que implicaria no afastamento de Dilma do cargo por até 180 dias, período em que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumiria a Presidência da República interinamente.

GOVERNISTAS DESANIMADOS

O clima entre os governistas era o pior possível pouco antes do início da votação. Apesar de o Palácio do Planalto ainda tentar passar otimismo, apostando nas ausências, parlamentares afirmavam que a situação era “muito difícil”.

“De sexta-feira para cá a situação ficou muito pior para o governo”, admitiu um parlamentar governista.

No outro lado, a conta dos peemedebistas era de algo entre 360 e 370 votos favoráveis ao impeachment, depois da ofensiva de sábado.

“Os 360 são o nosso centro da meta. Pode ser um pouco mais ou um pouco menos”, disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

O tempo inicial da sessão foi dado ao relator do parecer da comissão especial favorável à admissibilidade do processo de impeachment contra Dilma, deputado Jovair Arantes (PTB-GO).

"Elaborei meu relatório com seriedade e isenção, em respeito à Constituição e às leis brasileiras", disse Jovair. "A democracia não se limita a contar votos, não se pode tudo apenas porque foi eleito pelo voto popular."

Dilma é acusada de ter editado decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso e de ter seguido em 2015 com a prática das chamadas pedaladas fiscais --atraso nos repasses do Tesouro Nacional para bancos públicos para o pagamento de programas do governo--, rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

No tempo reservado aos partidos, a maior parte dos oradores se pronunciou a favor do impeachment. Mas as interrupções aconteceram tanto de um lado como de outro.

“Os brasileiros que estão lá fora querem viver num Brasil decente e livre da impunidade, que volte a ter esperança e oportunidade”, disse o líder do PSDB, principal partido de oposição ao governo, Antonio Imbassahy (BA).

Já o líder do PT, partido de Dilma, Afonso Florence (BA), procurou fazer uma associação do impeachment com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de inquéritos na operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção.

“Pode até ser de oposição ao governo Dilma, mas rejeite Eduardo Cunha. A chapa Temer-Cunha não pode passar, não passará neste plenário”, disse Florence.

A votação deste domingo acontece em meio à grave crise econômica e política, aumento do desemprego, inflação elevada e desequilíbrio das contas públicas.

Com baixíssima popularidade, fraco apoio do Congresso e tendo a Lava Jato como um fator imponderável permanente, o governo Dilma está virtualmente paralisado, sem conseguir encaminhar qualquer agenda positiva no Congresso para tirar o país da recessão.

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