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Brasileiro do Pentágono contesta opções de caças para o País

15 out 2009 - 08h56
(atualizado às 10h32)
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Marcos Chavarria
Direto de Porto Alegre

Salvador Raza une-se ao coro de especialistas que defendem a compra de novos armamentos por parte das forças armadas brasileiras, mas é reticente quanto às opções apresentadas. "Eu defendo entusiasticamente esse plano de compra, mas não necessariamente as opções que são estudadas", disse com exclusividade ao Terra. A opinião de Raza tem peso: ele é diretor do Centro de Tecnologia Relações Internacionais e Segurança (Cetris) e professor da National Defense University, em Washington - centro acadêmico fundado pelo Departamento de Defesa dos EUA.

Caça francês Rafale participa de concorrência para equipar as forças armadas brasileiras
Caça francês Rafale participa de concorrência para equipar as forças armadas brasileiras
Foto: Divulgação

O país deve comprar 36 caças Rafale, da companhia francesa Dassault Aviation, que competem em uma licitação com os modelos Gripen NG, da empresa sueca Saab, e os F-18 Super Hornet, da americana Boeing. O Brasil também tem a intenção de adquirir 50 helicópteros e quatro submarinos, sendo um deles, possivelmente, de propulsão nuclear.

Para Raza, "a opções pelos submarinos é acertada, do ponto de vista estratégico. Quanto aos caças, não fico satisfeito com a opção francesa nos moldes oferecidos. Não quero dizer que não é uma boa aeronave, mas não gosto do modelo de gestão de tecnologia deles".

A transferência de tecnologia é outro ponto importante defendido pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que afirmou que o objetivo é fomentar uma "capacitação nacional" para o desenvolvimento.

"As discussões no Brasil ainda são sobre os equipamentos, que foi justamente o erro venezuelano. É um assunto emocionante, empolgante, mas é o que chamamos de 'assunto de tenente', que analisa se a asa do avião é maior ou menor, por exemplo. Não é isso. O debate principal é sobre a integração desses equipamentos em doutrinas, sistemas de comando e estratégias, e isso ainda foi pouco abordado", defende Raza.

O caso da Venezuela, citado pelo especialista como exemplo de projeto mal conduzido, é o que os profissionais da área militar chamam de "booster frio" - uma injeção de recursos materiais que não altera em igual proporção a capacidade de combatência do país.

Segundo Raza, o investimento dos venezuelanos em armas acabou não se transformando em poder efetivo, além de ter aumentado o custo de manutenção dos novos equipamentos.

No entanto, o diretor do Cetris entende que o país está no caminho certo e não acha que possa haver um "booster frio" brasileiro. "Acredito que temos gente competente no País para fazer o projeto de força. O problema é que está muito demorado e já somos cobrados por isso. Estamos em um processo contratual, as Forças Armadas do Brasil estavam muito fracas em termos de equipamento. O material já era obsoleto, havia a necessidade de reciclagem", diz Raza.

Fonte: Terra
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