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Brasil estreita relações com Angola e 'invade' país africano

17 set 2012 - 16h23
(atualizado às 19h53)
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Nos últimos anos Angola se tornou um dos maiores palcos externos do Brasil. A influência brasileira no país africano está presenta na cultura, economia e política da região e pode ser verificada nas mais diferentes formas.

Estima-se que 25 mil brasileiros vivam no país, a maioria trabalhando como pedreiros, operadores de máquinas, motoristas e outros técnicos contratados por empreiteiras brasileiras para executar obras. Além desse contingente, engenheiros, empresários, médicos e investidores também estão presentes no local e se relacionam com o povo local de maneira distante, segundo relato do jornalista Reginaldo Silva.

"Nas empresas, os angolanos dizem que os operários brasileiros são privilegiados, que têm salários maiores. Isso já provoca algumas fricções. Já os (brasileiros) mais privilegiados, da classe média, vivem isolados em seus condomínios e têm muito pouco contato conosco", afirma Silva, autor do blog Morro da Maianga.

Governos parceiros
Os governos de Brasil e Angola travam uma parceria e têm se aproximado com intensidade desde a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve no país três vezes nos últimos cinco anos. A última visita ocorreu em 2011, ano em que a presidente Dilma Rousseff também viajou para o território angolano.

A boa relação se estabeleceu desde 1975, quando o Estado brasileiro foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola como nação soberana, em 1975. As parcerias econômicas, no entanto, só se intensificaram na última década, quando o governo brasileiro ampliou os financiamentos a obras de empreiteiras brasileiras no país africano.

A partir de 2006, o Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou linhas de crédito de US$ 5,2 bilhões (R$ 10,5 bilhões) para essas companhias. Em 2011, Angola só foi superada pela Argentina entre os países estrangeiros que mais receberam empréstimos do banco, cujos financiamentos têm o petróleo angolano como garantia - o país ocupa o segundo posto entre os maiores produtores de petróleo da África Subsaariana, com extração ligeriamente inferior à do Brasil.

Puxadas pelas construtoras e pela política de investimentos, pelo menos 200 empresas brasileiras abriram filiais em Angola. Em 2007, o então embaixador do Brasil em Angola, Afonso Pena, disse que elas eram responsáveis por 10% do PIB angolano, que obteve crescimento médio de 14% ao ano entre 2004 e 2008. Os avanços devem tornar o país na principal economia do continente africano até 2016, conforme projeções feitas pela Economist Intelligence Unit, até 2016.

Cultura e política exportadas
Três canais de TV brasileiros (Globo, Record e, mais recentemente, Band) transmitem sua programação no país. Músicas brasileiras rapidamente invadem as rádios angolanas e fazem sucesso entre a população e até brigas de casais brasileiros famosos acabam nas páginas da Caras Angola, filial da revista de celebridades. "A cultura brasileira domina completamente Angola. Pela via cultural, há uma colonização absoluta de Angola pelo Brasil", avalia Reginaldo Silva.

Em mais uma prova do estreitamento entre as nações, um dos mais reconhecidos marqueteiros do Brasil, João Santana, que trabalhou com Lula, atuou na coordenação da campanha do presidente José Eduardo dos Santos, no poder há 33 anos. Vencedor com mais de 70% dos votos, o mandatário estenderá seu mandato até 2017 e deve manter a política de parceria com os brasileiros.

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