Brasil enviará hospital de campanha ao Haiti nesta quinta
Cerca de 40 pessoas, entre médicos da Aeronáutica e voluntários, já estão a postos no Brasil para embarcar para Porto Príncipe, capital do Haiti,que foi destruída por um terremoto na última terça-feira. Eles vão trabalhar no hospital de campanha (HCamp) que o governo brasileiro montará na capital do país caribenho para ajudar no atendimento de feridos.
Os três principais hospitais da cidade ruiram com o terremoto,que atingiu 7 graus de magnitude. Pacientes, médicos e enfermeirosforam soterrados. Além do hospital, o governo brasileiro deveráenviar ao país caribenho kits com medicamentos e ambulâncias paraajudar no resgate dos feridos.
Segundo o diretor de Saúde da FAB (Força Aérea Brasileira), major-brigadeiro-médico José Antônio Monteiro, serão enviados 46 militares da área de saúde, entre médicos e enfermeiros, além de equipamentos para centro cirúrgico, UTI (unidade de terapia intensiva), raio-X, laboratório e módulos para atendimento ambulatorial. O HCamp atenderá urgências e emergências, com capacidade de realizar cirurgias e de socorrer pacientes graves.
"O HCamp atenderá dentro do processo de socorro às vítimas do terremoto, em coordenação com o Exército Brasileiro", explicou Monteiro. Na equipe, estão profissionais que já viveram o socorro prestado pelo HCAMP, nos anos 80, às vítimas do terremoto de El Salvador, e no próprio Haiti. "Aproveitaremos a nossa experiência nesse tipo de situação em benefício da população", disse.
O HCamp é um hospital móvel, para curto período de internação e destinado a atender feridos em combate, composto de módulos (barracas) climatizados, que podem ser montados em diversas configurações, dependendo da necessidade. No Haiti, a unidade estará em sua configuração completa, com módulos adicionais para internações de curto período, além dos que servem ao atendimento ambulatorial.
Na manhã desta quinta-feira, o material do HCAMP seguiu para a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, onde será embarcado em aeronaves de transporte C-130 Hércules.
A missão brasileira que chegou ao Haiti na quarta-feira para preparar as ações de ajuda humanitária identificou quatro pontos emergenciais: resgate dos corpos, atendimento dos feridos, segurança e ajuda com comida e água para os milhares de haitianos que vagam pelas ruas de Porto Príncipe depois de ter suas casas destruídas.
Nesta quinta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que coordena os trabalhos da missão, detalhará os procedimentos iniciais, acertados ontem em uma reunião em Porto Príncipe com o comandante militar da missão da Organização das Nações Unidas (ONU), general brasileiro Floriano Peixoto Vieira, além de altos oficiais das Forças Armadas.
Nesta quinta-feira, os que integram a missão vão sobrevoar de helicóptero a capital haitiana para verificar a extensão da destruição e as principais áreas atingidas. Na quarta-feira, o general Floriano Peixoto disse ao ministro Jobim que as primeiras impressões sobre a tragédia são de destruição total. "Não há área mais afetada. O terremotodestruiu toda a cidade", disse.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.
Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. No entanto, devido à precariedade dos serviços básicos do país, ainda não há estimativas sobre o número de vítimas fatais nem de feridos. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.
Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.
O ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o Haiti após o terremoto que devastou o país nesta terça-feira. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.