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Estados Unidos

Brasil e Turquia querem alternativa a sanções contra Irã

12 abr 2010 - 20h55
(atualizado às 22h55)
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Brasil e Turquia vão aproveitar a Cúpula sobre Segurança Nuclear, que reúne representantes de 47 países em Washington, para discutir com outros líderes a busca de uma solução pacífica para a questão do programa nuclear iraniano, disse nesta segunda-feira o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.

O chefe de Estado brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (esq.), é recebido por Obama
O chefe de Estado brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (esq.), é recebido por Obama
Foto: Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, em uma reunião bilateral realizada na residência do embaixador brasileiro na capital americana. "Eles conversaram sobre o Irã bastante longamente", disse Amorim. "Trocaram impressões sobre os esforços que ambos os países têm feito para encontrar uma solução pacífica e que dispense o uso de sanções para a questão nuclear iraniana", afirmou.

"Devem aproveitar a ocasião para levantar a questão com outros líderes presentes", disse o ministro. Amorim afirmou que vai se reunir com o ministro de Relações Exteriores turco para "discutir elementos que poderiam fazer parte de uma proposta que possa ser aceita tanto pelo Irã quanto por outros países".

Apesar de não dar detalhes de uma possível proposta, Amorim disse que um dos pontos a ser abordados é a questão do tempo para a troca de urânio por material enriquecido.

O Irã já rejeitou propostas de enviar seu urânio com baixo nível de enriquecimento a outros países, para então para ser enriquecido e transformado em combustível para reatores. O ministro reafirmou que o Brasil defende uma solução diplomática para a questão e voltou a fazer comparações com o Iraque (acusado de ter armas de destruição em massa que nunca foram encontradas).

"Nossa percepcção (contra sanções) é baseada, entre outras coisas, na experiência prática do que ocorreu há poucos anos no Iraque", afirmou.

Conselho de Segurança

Brasil e Turquia têm vagas rotativas no Conselho de Segurança das Nações Unidas e ambos defendem o diálogo como melhor forma de resolver a questão do programa nuclear iraniano. Os Estados Unidos e outros países têm aumentado a pressão para que o Conselho de Segurança aprove uma quarta rodada de sanções contra o Irã, por conta da recusa do governo iraniano em interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

Esses países afirmam temer que o Irã planeje construir armas nucleares secretamente. O governo iraniano nega essas alegações e garante que seu pograma nuclear tem fins pacíficos, para uso medicinal e de geração de energia.

"Tanto o Brasil quanto a Turquia são países que não têm e não querem ter armas nucleares e que defendem a ideia de que o Irã, como outros países, pode ter programas para fins pacíficos mas, ao mesmo tempo, dando as garantias necessárias à comunidade internacional de que não há desvio dessas pesquisas ou desses desenvolvimentos para fins militares", disse Amorim.

China

Apesar de não constar da programação oficial da cúpula, a questão iraniana deve ser o principal assunto debatido nas reuniões bilaterais mantidas pelos líderes presentes em Washington até esta terça-feira. Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu o presidente chinês, Hu Jintao, em um encontro bilateral.

A China mantém posição semelhante à do Brasil e defende a busca do diálogo como melhor forma de tratar da questão iraniana. Nos últimos dias, porém, Pequim tem dado sinais de que poderia mudar de postura e apoiar uma nova rodada de sanções. O governo chinês disse que aceita "discutir" a questão e, na semana passada, enviou um representante a uma reunião em Nova York para tratar do tema.

A China é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e tem direito a veto. Os outros quatro - Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia - já manifestaram apoio às novas sanções.

Itália e Japão

O presidente Lula também manteve encontros bilaterais com os primeiros-ministros da Itália, Silvio Berlusconi, e do Japão, Yukio Hatoyama. Com o líder japonês, Lula também discutiu a questão iraniana. "Houve concordância bastante genérica em torno da importância do diálogo para resolver esse tipo de questão", disse Amorim.

Os dois líderes também falaram da necessidade de reforma no Conselho de Segurança, uma das ambições do Brasil que busca obter uma vaga permanente no conselho.

Com Berlusconi, Lula assinou um plano de ação estratégica, que prevê cooperação em vários campos, como área econômica, comercial, de saúde e encontros mais freuentes de ministros da Fazenda. Segundo Amorim, também foi tratada da visita de Berlusconi ao Brasil, prevista para o final de junho, após a reunião do G20 no Canadá.

À noite, Lula participa de um jantar oferecido por Obama aos líderes presentes na Cúpula. O encontro de dois dias na capital americana tem o objetivo de discutir ações conjuntas e individuais entre os países para impedir que material nuclear caia em poder de organizações terroristas.

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