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Ásia

Brasil e Turquia fazem ofensiva por apoio a acordo com o Irã

18 mai 2010 - 14h55
(atualizado às 15h26)
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Brasil e Turquia buscaram nesta terça-feira apoio ao acordo nuclear que obtiveram junto ao Irã e pediram o reconhecimento de seu papel como mediadores neste tema, tratado até agora somente pelas grandes potências. Os esforços diplomáticos de ambos os países, que na segunda-feira fecharam um acordo com a república islâmica para uma troca de urânio enriquecido com o exterior, foram considerados positivos por França, China, Rússia e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O acordo "pode ser um passo positivo" se for seguido de um "compromisso mais amplo" de Teerã, disse Ki-moon, poucas horas antes de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas que discutirá a questão iraniana. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, deu seu "pleno apoio" a ao colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pelas negociações depois de um encontro entre os dois governantes feito paralelamente à cúpula entre Europa e América Latina em Madri.

A mediação de Brasil e Turquia permitiu que o Irã aceitasse a troca em território turco de 1,2 t de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 kg de combustível enriquecido a 20%, destinado ao reator de pesquisas nuleares de Teerã. Para Lula e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, esse acordo é a prova de que a diplomacia, e não as sanções, podem resolver as divergências originadas nas suspeitas das grandes potências de que os iranianos pretendem obter a bomba atômica.

"Peço que a comunidade internacional apoie" esse acordo, que terá um impacto "muito positivo na paz mundial", disse Erdogan em coletiva de imprensa na capital espanhola. Ele assegurou entender a "cautela" com a qual potências como Estados Unidos e a União Europeia receberam o anúncio do acordo, mas se mostrou confiante de seu êxito.

A "única maneira de resolver esse problema é através da diplomacia, devemos deixar de falar em sanções" contra o Irã, afirmou o presidente, cujo país faz parte da Otan. Para o Brasil, o êxito das negociações em Teerã fazem com que seja "normal e desejável" que os dois países mediadores participem das negociações do grupo 5+1 das grandes potências, ou seja, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã Bretanha) e Alemanha.

Apesar disso, os EUA parecem determinados a avançar rumo a uma nova rodada de sanções contra o Irã por seu programa nuclear. A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira que seu país chegou, junto com Rússia e China, a um consenso sobre um "duro" projeto de resolução da ONU com novas sanções contra o Irã, um anúncio que coincidiu com a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança para as 20h (17h de Brasília), destinada a abordar o tema.

Erdogan criticou, na segunda-feira, os cinco membros permanentes do Conselho, que possuem armas nucleares. "Aqueles países que ameaçam o Irã com sanções são os que ainda possuem a bomba atômica. Estamos falando da lei dos supremos ou da supremacia da lei?", declarou. O primeiro-ministro se referiu também a Israel, o único país que, segundo especialistas, dispõe de armamento nuclear na região. Israel está "muito perto da Turquia. Estamos muito preocupados, mas quem age? É hora de a humanidade fazer a eleição correta e erradicar as armas nucleares", disse Erdogan.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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