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Baixo saneamento causa 308,8 internações a cada 100 mil pessoas

1 set 2010 - 10h41
(atualizado às 11h28)
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Abastecimento de água deficiente, falta de esgoto, contaminação por resíduos ou condições precárias de moradia foram responsáveis por 308,8 internações a cada grupo de 100 mil habitantes em 2008, por doenças como diarreia, hepatites e verminoses.

Os dados integram os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento relaciona essas doenças à falta de moradia adequada no País. Até 2008, cerca de 40% dos domicílios (25 milhões) eram considerados inadequados pelo levantamento.

"Concluímos que, em geral, nas unidades da Federação com os maiores números de internações, o acesso aos serviços de saneamento é menor e vice-versa", destaca o documento, reforçando a necessidade de ampliação de serviços de água encanada e esgoto, principalmente.

Segundo a pesquisa, o número de doentes oscilou nos últimos dez anos. Em 1998, a taxa foi de 348,2 até chegar ao pico de 371,1 por 100 mil, em 2002. As doenças de transmissão feco-oral (diarreias, hepatite A e febres entéricas) lideram e correspondem a 80% das internações.

Entre as regiões, os números são díspares e refletem desigualdades socioeconômicas. A taxa de internação por doenças da pobreza na região Sudeste era cinco vezes menor do que no Norte, onde as internações por 100 mil foram de 900 pacientes no Piauí e no Pará, em 2008, e de 80 em São Paulo. No Maranhão, em Rondônia e na Paraíba, a taxa foi de 600 por 100 mil.

Entre as doenças classificadas como decorrentes da falta de saneamento ambiental, predominam, na região Norte, as maiores taxa de internação provocadas por inseto vetor como a dengue, febre amarela e malária. Nesses lugares, a pesquisa destaca como fator de risco o desmatamento.

"O desflorestamento e as condições sanitárias inadequadas de parte da população, aliados ao alto índice pluviométrico e à extensão da rede de drenagem, estão entre os fatores que favorecem a transmissão dessas doenças", diz a pesquisa.

O maior número de internações por inseto vetor no Norte se deve, em geral, à ocorrência da febre amarela e malária. Segundo o Ministério da Saúde, 99,5% dos casos de malária são registrados na Amazônia Legal, área que envolve nove Estados brasileiros.

Mortalidade infantil

O IDS reuniu dados também sobre a mortalidade infantil no País. Segundo o IBGE, em 18 anos, a taxa de crianças com menos de 1 ano de idade mortas caiu 50% - de 47 por mil nascidos vivos em 1990 para 23,3 por mil em 2008. A taxa, porém, ainda não é considerada baixa pelos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda índices inferiores a 20 casos a cada mil nascidos vivos.

O IBGE cita entre os motivos da queda a ampla cobertura de vacinação para doenças como poliomielite e tuberculose, além da redução de aproximadamente 75% no número de crianças de até 5 anos de idade desnutridas e a melhoria do nível educacional das mulheres.

Em 2008, pela primeira vez na história, nenhum Estado brasileiro teve taxa de mortalidade infantil superior a 50 por mil nascidos vivos, considerada elevada pela OMS. O IBGE constatou desigualdades entre as regiões, com o Nordeste e o Norte mostrando taxas mais elevadas que a média nacional, com 34,4 e 24,2 por mil, respectivamente, e as demais regiões com taxas inferiores a 20 por mil. Entre os Estados, o Rio Grande do Sul teve a menor taxa do País, com 13,1, e a Alagoas, a maior, com 48,2.

A redução da mortalidade infantil contribui para o aumento da expectativa de vida ao nascer, que passou de 67,3 anos em 1992 para 73 anos em 2008. No Nordeste, ela era de 70,1 anos, alcançando apenas 67,2 anos em Alagoas. No Sul, era de 75 anos, chegando a 75,5 anos em Santa Catarina. O Distrito Federal era a unidade da federação com a maior expectativa de vida, com 75,6 anos.

Domicílios

Segundo o IDS, em 2008, 57% dos domicílios eram considerados adequados para moradia, ou seja, tinham abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou fossa séptica, coleta de lixo direta ou indireta e até dois moradores por dormitório. Dessa forma, 25 milhões de domicílios ainda não atendiam a esses critérios e eram considerados inadequados.

As regiões Norte (28,6% de domicílios adequados), Nordeste (40,2%) e Centro-Oeste (39,4%), com exceção do Distrito Federal, apresentavam percentuais inferiores à média nacional. Já no Sudeste, o percentual era de 72,5%, e no Sul, 62,3%. Em relação às unidades da Federação, os menores percentuais estavam em Mato Grosso (21,1%) e no Amapá (22,5%). No Distrito Federal, os domicílios adequados chegavam a 78,6% e, em São Paulo, a 77,3%.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Redação Terra
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