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Após um mês, 10 mil continuam desabrigados na serra do Rio

12 fev 2011 - 12h05
(atualizado às 12h58)
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Luís Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

Um mês após a tragédia, cerca de 10,5 mil pessoas continuam desabrigadas (vivendo em abrigos) na região serrana do Rio de Janeiro. Em Teresópolis, 6.727 vítimas da chuva permanecem alojados em 32 abrigos. A prefeitura de Nova Friburgo também encontra dificuldades para dar boas condições aos mais de 3,5 mil que se espalham por 69 abrigos da região. Em Petrópolis, o número é menor, mas, pelo menos, 200 pessoas seguem vivendo em abrigos.

Voluntários continuam trabalhando na arrecadão e distribuição de alimentos
Voluntários continuam trabalhando na arrecadão e distribuição de alimentos
Foto: Luís Bulcão Pinheiro / Especial para Terra

Além de milhares sem moradia definitiva, as cidades atingidas tentam se reerguer ainda sem saber o número total de mortos. O último balanço da Polícia Civil revela que 894 corpos foram encontrados. No entanto, o Ministério Público ainda procura por 411 pessoas.

"Não quer dizer que essas pessoas estejam mortas", explica o procurador Rogério Scamtamburlo, responsável pela organização da lista de desaparecidos. Segundo ele, quando o desaparecimento de uma pessoa é informado por um parente ou conhecido da suposta vítima, o MP inicia a procura. "O objetivo é que esse número chegue a zero. Seja encontrando essas pessoas vivas, seja com a identificação dos corpos", afirma. Dos 721 nomes investigados pelo MP até agora, 224 foram localizados com vida e 86 foram confirmados como mortos.

Os bombeiros ainda não conseguiram vasculhar todo o perímetro dos locais atingidos por cheias e enchentes. O coronel Souza Vianna, responsável pelo Grupamento Imperial Dom Pedro II, que realiza as buscas no Vale do Cuiabá, em Petrópolis, afirma que, apesar de os trabalhos no local continuarem intensos, uma boa parte da área ainda não foi vasculhada. "A destruição atingiu uma extensão de 20 quilômetros ao longo do rio. É uma área enorme", afirma. Segundo ele, a busca ainda é dificultada porque alguns corpos foram arrastados pelo rio por distâncias de até 15 quilômetros.

Ao mesmo tempo que tentam abrigar todos os atingidos e resgatar os mortos, as cidades lutam para reerguer o comércio. Os lojistas estão de portas abertas, mas reclamam do movimento. Petrópolis, por exemplo, teve apenas parte da cidade atingida, uma região afastada do centro histórico. Para tentar desvincular a imagem do município da tragédia, a prefeitura criou uma "agenda positiva" para informar os turistas de que os pontos turísticos e os principais acessos à cidade não sofreram danos com as chuvas. De acordo com a prefeitura, as reservas nos hotéis tiveram queda quase total e o comércio local teve baixa de 60%.

O centro de Teresópolis e os pontos turísticos da cidade também funcionam normalmente um mês após a tragédia. Já em Nova Friburgo, a rotina está sendo retomada gradualmente. O principal ponto turístico, a Praça do Suspiro, engolida pela lama durante as chuvas, já está novamente limpa. Mas o teleférico e a igreja Santo Antônio permanecem interditados. Tanto em Teresópolis quanto em NovaFriburgo há um movimento curioso nos hotéis. Equipes de empresas e do governo que se deslocaram para a serra lotaram as hospedagens centrais da região, amenizando a queda brusca nas reservas.

Eduardo Gaspar, agente de reservas do hotel Alpina, em Teresópolis, afirma que a queda foi de pelo menos 50% nas reservas. "Praticamente todas as reservas foram canceladas. O que salvou foi o grande número de pessoas que vieram trabalhar na cidade", afirma.

Chuvas na região serrana

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

Veja onde foram registradas as mortes

Fonte: Especial para Terra
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