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Apagão deve ser retirado do palanque eleitoral, diz Aécio

16 nov 2009 - 00h30
(atualizado às 01h02)
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Odilon Rios
Direto de Maceió

Em um palanque dominado por tucanos ligados ao governador de São Paulo, José Serra, o governador de Minas Gerais e presidenciável, Aécio Neves, disse nesse domingo em Alagoas que a falta de comunicação e a quantidade excessiva de órgãos que gerenciam o sistema Eletrobrás fez com o que o governo não apresentasse, até hoje, uma explicação convincente à sociedade brasileira sobre o apagão que atingiu o Brasil na última terça-feira. Segundo ele, o debate não pode ser excessivamente politizado. Aécio esteve em Alagoas para homenagens e um encontro com integrantes do partido na manhã desta segunda-feira.

"Eu tenho tido um cuidado muito grande de não politizar este tema. Acho que não devemos retirar o apagão da sua circunstância e levá-lo ao palanque eleitoral. Mas, acho que a falha maior do governo, e não estou falando ainda da ordem de investimentos, foi na comunicação. Acho que houve um açodamento muito grande do governo querendo dar explicações sem ter a serenidade adequada para enfrentar o problema na sua complexidade", disse Aécio.

"Acho que um certo ufanismo do governo, que nos últimos anos dizia que não teríamos problema algum nessa área, é que contribui talvez aí sim para uma certa politização do tema. O governo muitas vezes até sem ser perguntado afirmava que até para fazer referência ao governo anterior que apagão era consequência de mau governo, governo que não investia, que não planejava. Nós não fazemos a mesma avaliação, mas acho que a população brasileira hoje gostaria de ter uma explicação mais clara. O que pareceu neste processo foi que o grande número de órgãos ligados ao sistema Eletrobrás, nove ou dez órgãos distintos, uma característica talvez do governo do PT, um alargamento enorme do tamanho do Estado. Até agora não há uma explicação condizente, uma explicação plausível e realista. Talvez fica este sentimento de que temos um governo amplo demais, onde se colidem as informações e obviamente se colidem as ações", afirmou o governador mineiro. Segundo ele, "por ser amplo demais", os gastos correntes do governo cresceram 80% nos últimos sete anos e o Produto Interno Bruto (PIB), 27%. "É uma conta que não fecha. O Estado tem que ser eficiente. Acho que o PSDB demonstrou conhecer melhor que o PT as funções do Estado e onde nós governamos, temos governado bem", disse.

A respeito da pesquisa do instituto Vox Populi, publicada na edição desta semana da revista Isto É, dando vantagem na liderança ao governador mineiro na corrida presidencial, Aécio foi comedido e descartou briga interna com Serra.

"O PSDB caminha para um processo de definições, vamos fazer isso de forma absolutamente serena. O que nós devemos buscar é construir um projeto novo para o Brasil e eu conheço os avanços que vêm desde Fernando Henrique Cardoso, passando inclusive pelo governo do presidente Lula, mas devemos apontar para a frente, o PSDB tem que dizer a população brasileira o que pretende fazer, quais os gargalos que ainda impedem o Brasil de crescer, em uma velocidade maior do que tem hoje, e eu sou instrumento do partido. Se couber a mim esta responsabilidade, estarei pronto para enfrentá-la", afirmou.

De acordo com ele, está descartada a possibilidade de ele ser vice do governador paulista porque "eleitoralmente não faria qualquer sentido". Sobre a hipóteses de Serra ser seu vice, em 2010? O mineiro sorriu e desconversou: "pergunta para ele".

Aécio recebeu em Maceió a comenda Marechal Deodoro, no dia da proclamação da República, para pessoas que contribuíram para a sociedade alagoana. Também foram homenageados o cineasta Cacá Diegues, o cantor Djavan, o compositor Hermeto Pascoal e o escritor da Academia Brasileira de Letras, Lêdo Ivo, todos alagoanos. Aécio depositou flores na estátua de Deodoro, no Memorial à República, que abriga mendigos à noite, mas o local estava limpo e iluminado para receber as autoridades. Na manhã desta segunda, ele toma café com lideranças tucanas.

Esta é a primeira vez que Aécio vem a Alagoas, como governador. O então líder nas pesquisas presidenciais, José Serra, veio duas vezes, uma delas para assinar um acordo de cooperação com a Companhia de Água do Estado, a Casal, de R$ 25 milhões. A companhia tem uma dívida impagável de R$ 1 bilhão.

"Recebemos o Aécio com aplauso. Feliz do partido que tem dois homens dessa estatura, Aécio e Serra, para disputar a presidência. Estaremos juntos com aplausos. Não existe no PSDB serristas ou aecistas. Há tucanos que querem o bem do Brasil", disse o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Fonte: Especial para Terra
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