PUBLICIDADE

'Dilma é a responsável pelo apagão', diz José Agripino

11 nov 2009 - 19h17
(atualizado às 20h03)
Compartilhar

O senador José Agripino (RN), líder do DEM no Senado, afirmou em pronunciamento nesta quarta-feira que a ex-ministra de Minas e Energia e atual chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é a culpada pela ocorrência do "apagão" que atingiu 18 Estados brasileiros na noite desta terça-feira. Segundo ele, o problema foi provocado por falhas no marco regulatório do setor elétrico, elaborado à época em que Dilma ocupou o ministério (2003-2005), que beneficiaria a geração de energia velha, produzida pelas estatais do setor elétrico, em detrimento da geração de energia nova pelo setor privado, que seria vital para garantir o crescimento do País. As informações são da Agência Senado

Na avenida Paulista, em Sâo Paulo, só faróis de veículos e luzes de geradores estavam acesas
Na avenida Paulista, em Sâo Paulo, só faróis de veículos e luzes de geradores estavam acesas
Foto: AP

Com o objetivo de esclarecer as razões do "apagão", Agripino encaminhou à Mesa do Senado pedido de informação dirigido ao ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, em que solicita dados sobre o montante dos investimentos feitos pelo setor público na geração de energia elétrica, além dos investimentos do setor privado em centrais hidrelétricas e fontes alternativas de energia em todas as regiões do País.

"Mesmo com o nível dinâmico das barragens lá em cima, por causa das recentes chuvas, não houve carga suficiente para atender a demanda, o que acabou provocando o 'apagão' localizado que provocou um desmoronamento de cartas, desligando a energia do Sul e do Sudeste todo", afirmou Agripino.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou, por sua vez, nesta quarta-feira na Comissão de Infraestrutura requerimento propondo audiência pública para que Lobão e Dilma apresentem esclarecimentos sobre o blecaute. O líder tucano afirmou que o blecaute representou "graves prejuízos para a economia, os serviços públicos e, principalmente, para a população".

Agripino afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não investiu na geração de energia, mas apenas na interligação do sistemas regionais atualmente existentes, o que seria insuficiente para garantir o crescimento do setor. Ele acrescentou que esse modelo não conduz à modernidade e alertou que o "apagão" pode se repetir.

O líder do DEM no Senado afirmou que o governo minimiza a gravidade do "apagão" por varias razões, reiterando que a principal delas é que o problema "tem uma mãe, que se chama Dilma Rousseff, candidata a presidente da República". O senador frisou que Dilma terá que explicar a razão da falência do modelo montado por ela e que não foi capaz de incentivar investimentos públicos e privados, permitindo apenas que o governo interligasse os sistemas.

Agripino lembrou ainda do "apagão" ocorrido em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), observando que aquele fenômeno foi motivado pelo nível crítico das águas das barragens. Acrescentou que o governo FHC fez um plano de guerra e construiu grandes termelétricas. "Neste 'apagão', nenhuma termelétrica entrou em funcionamento porque não há interesse em administrar um sistema integrado", afirmou.

Atualmente, disse Agripino, "as administradoras de água estão confusas, o abastecimento dos reservatórios fica comprometido e não se sabe se vale a pena investir". Ele disse, ainda, que há dúvidas sobre a existência de infraestrutura elétrica para sustentar a produção, o que se agrava diante da "ineficiência administrativa" do atual governo.

Em aparte, o senador Antônio Carlos Júnior (DEM-BA) disse que o Brasil não vai crescer se não houver aumento substancial do investimento público e privado na geração de energia, o que exige a redução da carga tributária, juros mais baixos e infraestrutura, além da diminuição dos gastos do governo. "O setor público não tem capacidade de fazer novos investimentos e, se for pelo marco regulatório errado, não teremos investimentos. A energia é ponto crucial da infraestrutura. O marco regulatório tem que ser adequado para atrair o interesse do setor privado", afirmou.

Pela manhã, a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), saiu em defesa da ministra da Casa Civil. Segundo ela, no período em que Dilma esteve à frente do Ministério de Minas e Energia não houve apagão. Além disso, acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Edison Lobão têm todo o interesse de esclarecer à sociedade sobre o que ocorreu.

Falta de Luz

Por volta das 22h30 de terça-feira (10), as 18 unidades geradoras da usina de Itaipu começaram a "rodar no vazio" - ou seja, não conseguiam passar eletricidade para a rede distribuidora. O problema atingiu pelo menos 18 Estados, sendo que quatro deles (Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) ficaram completamente às escuras. Acre, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia foram parcialmente atingidos pela falta de luz. A situação foi normalizada entre a noite de terça-feira e a madrugada e manhã desta quarta-feira.

Três linhas de transmissão com problemas teriam causado o apagão. De acordo com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, duas das linhas vão de Ivaiporã, no Paraná, a Itaberá, no sul de São Paulo. A terceira liga Itaberá a Tijuco Preto, no sul de Minas Gerais. O problema, afirma Zimmermann, foi possivelmente causado por condições meteorológicas adversas.

Com 18 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, a usina binacional de Itaipu fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio. De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), 28,8 mil megawatts de potência foram perdidos com a pane, o que impossibilitou o fornecimento para as demais regiões. Para abastecer o Estado de São Paulo, por exemplo, são necessários cerca de 17 mil megawatts.

Com informações da Agência Brasil

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
TAGS
Publicidade