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Chance de raio ter causado apagão é mínima, diz especialista

11 nov 2009 - 17h05
(atualizado às 18h40)
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O coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Júnior, praticamente descartou nesta quarta-feira que a queda de energia do sistema de Itaipu tenha sido causada por raios. Um estudo do Elat fez uma avaliação dos raios registrados na noite de ontem ao longo da linha do sistema de Itaipu.

Em um restaurante de Copacabana, no Rio, clientes jantaram à luz de velas
Em um restaurante de Copacabana, no Rio, clientes jantaram à luz de velas
Foto: AP

De acordo com Pinto, a conclusão do Elat, com base na Brasil Dat - rede de detecção de atividades atmosféricas brasileiras - e num sistema sofisticado desenvolvido pelo Inpe no final da década passada, indica que as chances de o blecaute ter sido causado por um raio são mínimas, apesar de ter havido tempestade no sul de São Paulo, próximo ao sistema de Itaipu.

Ainda que não tenha relacionado diretamente as descargas elétricas ao blecaute, Pinto alertou para o aumento de raios causados pelas mudanças climáticas no planeta e sua repercussão na segurança do sistema elétrico brasileiro. "O sistema de transmissão brasileiro é exposto às condições atmosféricas e climáticas. Portanto, levando em consideração as mudanças climáticas que estão acontecendo e que devem trazer como consequência mais raios para o Brasil, isso significa que, no futuro, os sistemas vão estar mais vulneráveis às condições climáticas, com aumento de raios, o que traz uma preocupação muito grande. Portanto, é necessário e fundamental que o Brasil invista em pesquisa e tecnologia para que o sistema possa estar preparado para as mudanças climáticas que estão vindo por aí", disse.

Falta de Luz

Por volta das 22h30 de terça-feira (10), as 18 unidades geradoras da usina de Itaipu começaram a "rodar no vazio" - ou seja, não conseguiam passar eletricidade para a rede distribuidora. O problema atingiu pelo menos 18 Estados, sendo que quatro deles (Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) ficaram completamente às escuras. Acre, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia foram parcialmente atingidos pela falta de luz. A situação foi normalizada entre a noite de terça-feira e a madrugada e manhã desta quarta-feira.

Três linhas de transmissão com problemas teriam causado o apagão. De acordo com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, duas das linhas vão de Ivaiporã, no Paraná, a Itaberá, no sul de São Paulo. A terceira liga Itaberá a Tijuco Preto, no sul de Minas Gerais. O problema, afirma Zimmermann, foi possivelmente causado por condições meteorológicas adversas.

Com 18 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, a usina binacional de Itaipu fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio. De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), 28,8 mil megawatts de potência foram perdidos com a pane, o que impossibilitou o fornecimento para as demais regiões. Para abastecer o Estado de São Paulo, por exemplo, são necessários cerca de 17 mil megawatts.

Agência Brasil Agência Brasil
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