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Amazônia perde 593 km² em desmatamento; MT lidera

18 mai 2011 - 11h00
(atualizado às 11h36)
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O desmatamento na Amazônia subiu em março e abril deste ano para 593 km² na comparação com os mesmos meses do ano passado, e o Mato Grosso foi o Estado que mais contribuiu para a perda da floresta, com 480,3 km² de área desmatada, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O alerta sobre o avanço do desmatamento ocorre no momento em que o projeto que altera o Código Florestal aguarda para ser votado na Câmara dos Deputados. A votação do texto já foi adiada três vezes por falta de consenso entre governo, o relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e parlamentares.

O desmatamento da Amazônia, floresta vital para as pretensões brasileiras de protagonismo na área ambiental e nas negociações internacionais sobre as mudanças do clima, registrou grande aceleração em abril na comparação com março, segundo os números do Inpe, indo de 115,6 km² para 477,4 km². Embora o instituto desaconselhe comparações com os mesmos meses dos anos anteriores, por conta da diferença na cobertura de nuvens entre os períodos (já que o monitoramento da região é feito por satélite), entre março e abril do ano passado foi detectado um desmatamento de 103,5 km² na Amazônia.

O número aferido pelo Inpe em março e abril deste ano, portanto, representa um salto de 472,9% na comparação com o ano anterior. Em Mato Grosso, principal produtor de soja e algodão e dono do maior rebanho bovino do Brasil, o desmatamento detectado pelo sistema Deter, do Inpe, saltou de 76,4 km² em março e abril do ano passado, para 477,4 km² no mesmo período deste ano.

Na terça-feira, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou um alerta sobre a escalada do desmatamento em Mato Grosso em abril deste ano. De acordo com a organização não governamental, que usa um sistema de detecção de desmatamento diferente do usado pelo Inpe, o desmatamento no Estado somou 243 km², saltando 537% na comparação com o mesmo mês de 2010.

Segundo o Imazon, o aumento do desmatamento em Mato Grosso pode estar associado à expectativa de aprovação da reforma do Código Florestal. A reforma do texto do código pode trazer mudanças nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e na Reserva Legal, pedaços de propriedades que têm de ser mantidos intactos, sem destinação para atividades econômicas.

Após a divulgação do alerta, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), foi à tribuna do Senado e acusou o Imazon de divulgar dados inverídicos sobre o desmatamento na Amazônia. A senadora, que está de saída do DEM em direção ao PSD, partido que será criado sob a liderança do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, afirmou que, com a divulgação de dados não verdadeiros, o Imazon causaria "terrorismo à população brasileira", segundo a Agência Senado.

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