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Abandonos elevam isolamento de Dilma

13 abr 2016 - 17h20
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Um partido atrás do outro deixa a base aliada ou orienta voto a favor do impeachment, enfraquecendo cada vez mais a luta do governo para tentar manter a presidente no cargo.

As decisões do PP e do PRB de apoiar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na votação deste domingo (17/04) no plenário da Câmara dos Deputados diminuiu ainda mais os ânimos no Palácio do Planalto e enfraqueceu a luta do governo contra a destituição.

Com 47 deputados em exercício, o PP é a quarta maior legenda na casa e era uma das apostas do governo para tentar barrar o processo de impeachment na votação no plenário, especialmente após a saída do PMDB da base governista, no final de março.

O PP já enviava sinais de descontentamento com Dilma ao Palácio do Planalto: em votação na comissão especial do impeachment, três dos cinco representantes do partido decidiram pelo prosseguimento do processo de destituição da presidente. O PRB, com seus 22 deputados, também orientou na noite desta terça-feira sua bancada a votar contra o governo.

Nesta quarta-feira deverá ser a vez do PSD – com 32 deputados, o sexto maior partido na Câmara dos Deputados – sair da base aliada e orientar seus membros a apoiar o impeachment. Líderes já disseram que a maioria dos deputados do partido é a favor do afastamento de Dilma.

Segundo analistas ouvidos pela DW, as posições adotadas por PP, PRB e PSD podem criar um "efeito manada" e o abandono dos poucos partidos que ainda são a favor de Dilma. O maior deles é o PR, que tem 40 parlamentares e é a quinta maior agremiação na casa parlamentar.

"A perda do PP já é, em si, um problema imenso para o governo. Ao lado do PT, ele era a maior legenda que sobrara na base da presidente", afirma o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "A saída do PP dá início a um efeito 'bola de neve' e faz com que os partidos menores calculem que, se com o PP já era difícil, sem ele fica quase impossível. Assim, o isolamento da presidente ficará maior ainda."

Para Márcio Coimbra, coordenador do MBA Relações Institucionais do Ibmec-DF, o efeito cascata era exatamente o que o governo tentava evitar. "Hoje, o pêndulo está mais pesado para o lado pró-impeachment. O PT não tem muita coisa a oferecer e, assim, ninguém quer estar do lado do perdedor. Se o PR for o próximo a sair, o impeachment estará sacramentado", opina.

Nova estratégia do governo

Como termômetro do impeachment, três jornais brasileiros indicam por meio de suas enquetes que entre 284 e 309 deputados federais são a favor da destituição de Dilma e entre 110 e 126 são contra. O número de indecisos encontrados pelas publicações varia entre 79 e 115. São necessários dois terços – 342 de um total de 513 parlamentares – para que o processo seja aberto na Câmara e enviado ao Senado.

Agora, a estratégia do governo é tentar garantir votos do PR e de outros partidos menores. Além disso, o Planalto quer fazer uma ofensiva diretamente com os parlamentares – e não com as cúpulas dos partidos – por meio de cargos de segundo e terceiro escalões para ganhar votos de deputados dessas legendas e de indecisos.

"Essa estratégia não deve dar certo, porque, se já é difícil negociar coletivamente, individualmente é ainda mais complicado", afirma Couto. "Porque, primeiro, o parlamentar vai receber 'migalhas' e, segundo, ele sabe que tem mais a ganhar fazendo um jogo coletivo junto com o partido do que entrando na 'banda do eu sozinho'. Por isso, dificilmente alguém será seduzido por esse tipo de oferta."

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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