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Brasil e EUA reafirmam diferenças sobre Irã na visita de Hillary

Apesar de divergências, secretária de Estado dos EUA diz que países compartilham valores.

3 mar 2010 - 17h11
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A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reafirmaram nesta quarta-feira, após encontro em Brasília, posições distintas sobre qual deve ser a postura diante do programa nuclear do Irã.

Durante entrevista coletiva, Hillary defendeu a imposição de sanções para obrigar o Irã a aceitar restrições a suas atividades nucleares e afirmou que o governo iraniano só vai passar a negociar "em boa fé" quando a comunidade internacional se pronunciar "em uníssono" sobre o assunto.

"Somente depois que aprovarmos as sanções no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Irã irá negociar em boa fé", disse a representante do governo americano.

Ao lado de Hillary Clinton, o chanceler Celso Amorim reiterou a posição brasileira, contrária à aplicação das sanções.

"Não se trata apenas de se curvar à opinião de um consenso, que você pode não concordar", disse o ministro. "Cada país tem uma cabeça."

Amorim voltou a defender o caminho do diálogo como melhor opção para garantir que o Irã tenha o direito de produzir energia nuclear e evitar que o país desenvolva armas.

"A questão é saber qual o melhor caminho para chegar lá (a um acordo) ou se estão esgotadas as possibilidade de negociação", afirmou o chanceler. "Nós acreditamos que ainda há oportunidade de se chegar a um acordo, talvez exija um pouco de flexibilidade de parte a parte."

Histórias e percepções

Diante da resistência brasileira a novas sanções contra o Irã, Hillary disse que um esforço em favor de negociações por parte do Irã seriam bem aceitos, mas insistiu nas críticas à postura adotada pelo governo iraniano até o momento.

"Respeito a crença do Brasil de que ainda existe espaço para negociação (com o Irã), mas até agora não vimos nenhuma oferta de boa-fé", afirmou. "Estamos consultando nossos amigos brasileiros porque em algum ponto teremos de tomar uma decisão."

"O que observamos é que o Irã vai para o Brasil, China e Turquia e conta histórias diferentes para evitar as sanções", acrescentou a secretária de Estado americana. "O presidente Obama tem feito gestos em relação ao Irã há mais de um ano, mas infelizmente não teve um sinal recíproco."

Questionado por um jornalista sobre a possibilidade de o Irã estar "enrolando" a comunidade internacional, Amorim respondeu que "percepções" desse tipo podem ser "arriscadas".

"Tive a chance de ser embaixador da ONU em um momento crítico para o Iraque, e era um pouco isso que eu ouvia também", afirmou o ministro. "E a acusação principal nunca se materializou."

Apesar das discordâncias, Hillary e Amorim procuraram manter o tom diplomático na coletiva.

Logo no início da coletiva, a secretária de Estado americana disse que os dois governos "não concordam em todos os assuntos", mas que "compartilham valores fundamentais".

"Temos a mesma paixão pela democracia", disse Hillary.

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