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BP acelera ações para conter vazamento de óleo no Golfo do México

5 mai 2010 - 20h05
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A empresa British Petroleum (BP) conseguiu fechar hoje um dos pontos de vazamento de petróleo no Golfo do México e pretende instalar uma grande estrutura para capturar o combustível em três dias, em meio à polêmica sobre uso de solventes químicos.

Tanto a BP como a Guarda Costeira americana insistiram hoje em apontar que o tapamento de um dos pontos de vazamento não conseguirá conter o fluxo total de óleo, estimado em 800 mil litros diários, mais de cinco mil de barris de petróleo.

Segundo a companhia, concessionária da plataforma de petróleo que explodiu em 20 de abril e causou a morte de 11 trabalhadores, a medida facilitaria a instalação da gigantesca estrutura de aço e cimento sobre a principal fonte do vazamento.

A expectativa é de que essa estrutura, transportada desde ontem em um navio, chegue hoje ao local onde estava a plataforma, a cerca de 80 quilômetros de distância da costa dos Estados Unidos, e seja instalada "em três dias" Segundo a BP, terá início em seguida um processo de testes para determinar a eficácia da estrutura, na qual se acumularia o petróleo, que seria bombeado a um navio na superfície por meio de um sistema de encanamento.

"Esse sistema foi criado para ajudar a capturar o petróleo no solo marinho e recoletá-lo de forma segura para seu processamento", afirmou hoje a empresa em comunicado.

O sucesso da operação está longe de ser garantido por se tratar de uma experiência pioneira a 1.500 metros de profundidade, onde a cúpula de proteção terá que lidar com uma grande pressão.

"Não sabemos com certeza se o equipamento funcionará", reconheceu ontem Bill Salvin, porta-voz da BP. Segundo ele, de qualquer forma, a operação é a melhor oportunidade de conter o vazamento, que ameaça provocar um desastre ecológico.

Em seu esforço para impedir que o petróleo chegue à superfície e se alastre pela força dos ventos em direção às frágeis costas do sul dos EUA, a BP despeja no mar diariamente milhares de litros de solventes químicos para dissolver o combusítvel à medida que ele vaza do poço submarino.

Tanto a empresa como a Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) defendem o uso dos produtos químicos, os quais desfazem o petróleo em pequenas partículas que, em seguida, atacam as bactérias marinhas. BP e NOAA insistem em que a toxicidade dos solventes é "bastante baixa".

No entanto, especialistas em estudos marinhos e grupos ambientalistas questionam os benefícios desse uso maciço de solventes químicos.

"O que não entendemos é o impacto dessa sopa tóxica nos organismos marinhos que entram em contato com ela", disse hoje ao jornal "The Wall Street Journal" Regan Nelson, da organização Conselho para a Defesa dos Recursos Naturais.

Terry Hazen, cientista da Universidade da Califórnia em Berkeley, tem preocupações similares.

"A concentração de detergentes e outros produtos químicos para limpar locais poluídos pelo petróleo vazado pode provocar outros pesadelos ambientais", afirmou o especialista em declarações divulgadas pelo site do canal de televisão "Fox News".

"Alguns dos solventes que costumam ser usados são mais tóxicos que o próprio petróleo", ressaltou Hazen. Para ele, nesse caso, é melhor deixar que os micróbios façam seu trabalho.

O cientista lembrou o vazamento do petroleiro "Amoco Cadiz", que provocou uma catástrofe ecológica na costa da região francesa da Bretanha em março de 1978.

O tamanho da mancha negra fez com que só as áreas nas quais o impacto econômico do problema foi maior fossem tratadas com produtos químicos, enquanto o vazamento nas zonas mais remotas não foi tratado.

Hazen destacou que "as áreas litorâneas não tratadas se recuperaram plenamente no prazo de cinco anos", enquanto as submetidas a tratamento químico continuavam sem se recuperar 30 anos depois.

O centro de informação conjunta da BP e do Governo americano no estado da Louisiana informou em seu site que ocorreu hoje uma queima controlada de parte do petróleo que subiu à superfície marinha, mas não deu detalhes concretos sobre a duração e a quantidade de petróleo incinerado.

EFE   
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