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Ban pede doações para deter crise de fome na Somália

20 jul 2011 - 17h04
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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira à comunidade internacional que detenha "o efeito cada vez mais devastador" da crise de fome na Somália que pode afetar todo o Chifre da África, e solicitou urgentemente fundos para evitar a morte de milhares de pessoas.

"Esta situação terá um efeito cada vez mais devastador não só na Somália, mas também em outros países da região. A ONU tenta alertar para a gravidade da situação há meses", afirmou Ban à imprensa depois de a organização ter declarado o estado de crise de fome em duas regiões do castigado país africano.

O principal responsável do organismo internacional pediu "o apoio dos doadores para fazer frente às necessidades atuais e prevenir que a crise humanitária piore ainda mais", e lembrou que "as agências humanitárias precisam urgentemente de fundos para salvar as vidas" dos afetados.

"Sem os fundos, não será viável realizar intervenções humanitárias com rapidez, e é muito possível que a crise de fome perdure e se estenda", alertou Ban, que destacou que a cada dia morrem na Somália "crianças e adultos em um ritmo atroz".

"A cada dia de atraso terá um custo em vidas", advertiu.

A ONU declarou oficialmente o estado de crise de fome em duas regiões do sul da Somália, Bakool e Baixa Shabelle, o que não ocorria nesse país há 20 anos.

Ban afirmou que nos próximos dois meses serão necessários US$ 300 milhões para proporcionar "uma resposta adequada" às zonas afetadas na Somália, onde a metade da população (3,7 milhões de pessoas) vive em situação de crise humanitária.

Ban, que hoje participou de um debate no Conselho de Segurança sobre os efeitos da mudança climática sobre a paz e a estabilidade internacionais, também reconheceu que a ONU e o conjunto da comunidade internacional precisa "trabalhar para evitar crises de fome e emergências como esta a longo prazo".

A embaixadora dos Estados Unidos perante a ONU, Susan Rice, também compareceu e expressou a preocupação de seu país com relação a situação da Somália, uma emergência que classificou de "desafio mundial" e que requer "esforços coordenados de um amplo leque de doadores que possam ajudar".

Rice, que lembrou que seu país anunciou nesta quarta-feira a contribuição de US$ 28 milhões adicionais para atenuar a crise - o que eleva a ajuda americana para US$ 459 milhões -, apontou como principal responsável pela situação humanitária vigente, a milícia fundamentalista islâmica Al Shabab, vinculada à Al Qaeda.

O grupo controla praticamente todo o sul da Somália, a região afetada pela crise de fome, e em 2010 impôs um veto às organizações humanitárias para operar em seus domínios, que foi levantado finalmente no dia 5 de julho.

"Al Shabab é o principal responsável por exacerbar as consequências da situação de seca que castiga o país ao proibir o seu próprio povo de ter acesso à ajuda humanitária que tanto necessita", ressaltou a embaixadora americana, que acusou o grupo islamita de "fazer o seu povo passar fome por dois anos".

A crise de fome na Somália foi declarada enquanto uma terrível seca assola o Chifre da África, onde 11 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, segundo estimativas da comunidade humanitária.

De Roma, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) pediu nesta quarta-feira a comunidade internacional US$ 120 milhões para proporcionar ajuda à agricultura diante da grave seca.

Do total, US$ 70 milhões vão para a Somália e US$ 50 milhões para Etiópia, Quênia, Djibuti e Uganda.

EFE   
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