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Ahmadinejad causa polêmica na conferência do TNP com ataques aos EUA

3 mai 2010 - 17h18
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, causou polêmica hoje na abertura da Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) com um duro discurso contra os Estados Unidos, ao qual acusou de ameaçar outros países com seu arsenal nuclear.

Ahmadinejad pediu a suspensão dos EUA da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e deplorou a política de "dois pesos e duas medidas" das potências ocidentais sobre o suposto arsenal nuclear de Israel.

"Como pode o Governo dos EUA ser membro do Conselho de Governadores (da AIEA) se, além de ser o único país que lançou uma bomba atômica contra o Japão, usou também armas com urânio empobrecido no Iraque?", perguntou Ahmadinejad.

O líder iraniano pediu também o "fim de toda cooperação nuclear com os países que não são membros do TNP", em referência ao que chamou de "regime sionista" israelense, que não é signatário do tratado.

Delegações de EUA, França, Reino Unido e Canadá deixaram a sala em protesto contra o discurso de Ahmadinejad.

A disputa internacional sobre as intenções do programa nuclear iraniano foi o centro de atenção do fórum, que contou com a presença das delegações dos 189 países signatários do TNP.

O ministro de Exteriores do Canadá, Lawrence Cannon, lamentou que o presidente iraniano não tenha aproveitado a ocasião para anunciar que seu país cumprirá com suas obrigações internacionais sobre o tema.

"É o mesmo tipo de discurso agressivo, no mesmo tom", disse Cannon.

Pouco antes, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu ao Irã que aceite a proposta da AIEA de enriquecer seu urânio fora do país, para dissipar as dúvidas sobre o caráter pacífico de suas atividades nucleares.

"Encorajo o presidente do Irã a atuar de maneira construtiva. É preciso deixar claro que o Irã tem a responsabilidade de esclarecer as dúvidas e as preocupações sobre seu programa", disse Ban, na abertura da conferência.

Em resposta, Ahmadinejad disse no início de seu discurso que Teerã já aceitou várias soluções à disputa.

O caso iraniano, junto com o da Coreia do Norte e da Síria, são os três que dominam a implementação dos mecanismos de supervisão do tratado, observou em seu discurso o diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano.

Nesse sentido, lembrou que Pyongyang cessou no ano passado toda cooperação com o organismo da ONU, enquanto Damasco também não colaborou nas tentativas de esclarecer a natureza da instalação síria que Israel destruiu em um bombardeio em junho de 2008.

Amano, da mesma forma que Ban, expressou seu apoio à implementação da resolução adotada na conferência de revisão de 1995 para criar uma zona livre de armas no Oriente Médio.

A Conferência de Revisão do TNP, que se prolongará até o dia 28 de maio, é realizada a cada cinco anos desde que o tratado entrou em vigor, em 1970, para promover o desarmamento nuclear, evitar a proliferação e garantir o uso pacífico da energia nuclear.

EFE   
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