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1991: Proibido Partido Comunista da URSS

29 ago 2015 - 07h41
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No dia 29 de agosto de 1991, o Soviete Supremo proibiu as atividades do Partido Comunista em toda a União Soviética. Iniciou-se uma luta pelo poder, trazendo mudanças de lideranças através de eleições livres.

"O que é o poder soviético? Pela primeira vez no mundo, o poder soviético está organizado entre nós, na Rússia, de tal forma que somente os operários, somente os camponeses trabalhadores – com a exclusão dos exploradores – podem formar organizações de massa: os sovietes. E a esses sovietes é dado todo o poder soviético. Esta é a razão pela qual a palavra 'soviete' é agora não apenas entendida, mas também popular e prezada em todo o mundo pelos operários, por todos os trabalhadores. E é a razão que torna o poder soviético inevitável, inexorável e que fará com que ele vença em todo o mundo, num futuro não muito longínquo…"

Foi assim que o líder e primeiro chefe do PCUS (Partido Comunista da União Soviética), Vladimir Ilitch Ulianov – apelidado Lênin –, descreveu na primavera de 1921 o sistema social da União Soviética, fundada três anos antes. No entender de Lênin, os sovietes – ou seja, conselhos – eram idênticos ao Partido Comunista da União Soviética.

O PCUS surgiu em 1903, a partir da ala majoritária bolchevique do Partido Operário Social Democrata Russo, que era liderada por Lênin. Quando os bolcheviques se impuseram, no ano revolucionário de 1917, eles deram à sua organização bem estruturada e disciplinada o nome de Partido Comunista Geral Russo.

"Acerto de contas" de Stalin

Depois da Segunda Guerra Mundial e um ano antes da morte de Stalin, ele se tornou definitivamente o Partido Comunista da União Soviética. Após a morte de Lênin em 1924, seu sucessor Stalin, obcecado pela mania de perseguição, fez um acerto de contas com os companheiros mais próximos do primeiro líder soviético, como Trotski e Sinoviev.

Stalin fez um grande expurgo no próprio partido, que custou dezenas de milhares de vidas e significou o banimento e pena de trabalhos forçados para centenas de milhares. Mas a vitória na Segunda Guerra Mundial trouxe ao partido de Stalin um aumento maciço no número de filiados.

Os sucessores de Stalin foram Nikita Krutchov e, a partir de 1964, Leonid Brejnev. Após a morte do secretário-geral Brejnev, em novembro de 1982, o comando do PCUS foi assumido inicialmente por Yuri Andropov, então chefe do serviço secreto soviético, que faleceu depois de 15 meses no poder.

Como novo chefe do Kremlin foi escolhido então o ex-chefe de gabinete de Brejnev, Konstantin Tchernenko, mas também essa era durou pouco, terminando com sua morte em março de 1985. O sucessor escolhido foi, desta vez, o membro mais jovem do politburo do PCUS, Mikhail Gorbatchov.

Temor por privilégios ameaçados

Na época da fundação por Lênin, o PCUS contava com cerca de 470 mil integrantes. Durante a era de Gorbatchov, o número total de filiados aumentou para cerca de 20 milhões. Mas também o iniciador da perestroika e da glasnost tinha a ilusão de que seria possível criar um Estado democrático com o Partido Comunista. E assim ocorreu o inevitável: os beneficiários do antigo sistema stalinista rebelaram-se ao ver ameaçados os seus privilégios.

Gorbatchov entendeu tarde demais o que o seu sucessor Boris Ieltsin já havia compreendido há muito: que a revolução sem êxito dos altos escalões tinha sido seguida por uma revolução bem sucedida nas bases. Esta manifestava-se pela ira em relação ao partido, cujo domínio durante sete décadas fora marcado por opressão, embuste, falsidade democrática e incompetência econômica. Foi o presidente russo Boris Ieltsin quem dissolveu e proibiu o PCUS, no dia 29 de agosto de 1991, poucos dias depois do fracassado golpe de Estado contra Gorbatchov.

Os cerca de 75 anos de existência do PCUS podem ser resumidos em cinco personalidades históricas: Lênin, Stalin, Krutchov, Brejnev e Gorbatchov. E foi o próprio Krutchov a constatar – durante o legendário 20º Congresso do PCUS, em 1956, quando se fez a desmitificação de Stalin – serem o comunismo e a democracia sistemas políticos que se excluem reciprocamente.

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